Penápolis, 26/11/2024

Menu Pesquisa
Diário de Penápolis

Geral

26/02/2024

Governo vê tentativa de “guerra santa” em ato de Bolsonaro e prepara reação

LUIZ RODRIGUES/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO Governo vê tentativa de “guerra santa” em ato de Bolsonaro e prepara reação O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) carregando uma bandeira de Israel durante ato na Avenida Paulista

O Palácio do Planalto avalia que o ato realizado neste domingo (25), na Avenida Paulista, consolida três estratégias simultâneas da oposição em defesa de Jair Bolsonaro (PL) e contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Um movimento é reforçar o discurso de “perseguição política” por parte do Supremo Tribunal Federal (STF) e do governo contra Bolsonaro pela acusação de tentativa de golpe de Estado.

Outro movimento é construir uma tese jurídica de que o ministro Alexandre de Moraes deveria ser impedido de julgar casos envolvendo o ex-presidente, já que ele próprio foi citado como um dos supostos alvos.

É o terceiro movimento, no entanto, que mais preocupa atualmente o Planalto: trata-se de inflamar uma “guerra santa” entre evangélicos e religiosos em geral — base de apoio do ex-presidente — contra Lula e o governo do PT.

A estratégia, já usada no passado com foco em temas como o aborto e boatos sobre fechamento de igrejas, estaria centralizada na referência de Lula ao Holocausto nazista e no conflito diplomático aberto contra Israel.

Israel é fortemente apoiado pela base bolsonarista e por boa parte do segmento evangélico, que faz uma interpretação bíblica de que a libertação total de Jerusalém do domínio dos “gentios” (Lucas 21:24) abrirá caminho para a volta de Cristo à Terra.

A tentativa de Bolsonaro e da oposição, segundo um auxiliar direto de Lula, é aproveitar-se politicamente das declarações do petista e jogar religiosos contra o presidente — revigorando um discurso eficiente adotado na campanha eleitoral de 2022 e com apelo entre amplos segmentos da população.

O governo teme os efeitos, a posteriori, dos chamados “recortes” para as redes sociais como armas poderosas nessa “guerra santa”.

Farto material foi produzido e registrado durante o ato. A começar por Bolsonaro e sua mulher, Michelle, que surgiram em cima do trio elétrico com a bandeira de Israel. Na multidão, dezenas de manifestantes estavam enrolados na Estrela de Davi.

Os discursos de aliados, proferidos no palanque, também produziram conteúdo suficiente para massificar a ideia de que cristãos de verdade apoiam Israel, em contraponto ao governo Lula, que chama os ataques israelenses de genocídio, comparando-os ao Holocausto.

A ex-primeira-dama rogou: “Nós abençoamos o Brasil, nós abençoamos Israel, em nome de Jesus”. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) fez menção indireta à decisão do governo de Benjamin Netanyahu de declarar que Lula não é bem-vindo no país. O parlamentar chamou o presidente brasileiro de “o nosso inimigo, persona non grata”.

O pastor Silas Malafaia, patrocinador do evento, foi explícito: repudiou Lula, disse que ele foi o “único presidente de um país democrático que recebeu elogios de terroristas assassinos do Hamas”.

Reação
Algumas reações do governo já estão no radar. Nas próximas semanas, possivelmente ainda em março, o Planalto deverá anunciar um recuo na medida anunciada pela Receita Federal que anulou ato no governo Bolsonaro responsável por ampliar a isenção de tributos pagos por igrejas sobre “prebendas” a líderes religiosos — como pastores evangélicos e padres católicos.

O ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, tem conversado pessoalmente com integrantes da Frente Parlamentar Evangélica e da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) a fim de articular um acordo com a Receita.

O Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a calcular um impacto fiscal de aproximadamente R$ 300 milhões com o ato de Bolsonaro. Diante dos protestos de igrejas, a medida foi suspensa em janeiro deste ano e o governo agora estuda uma solução “meio-termo” para contornar a crise com religiosos.

Além disso, Messias — que é evangélico da Igreja Batista– tem apresentado a lideranças religiosas ações do governo que as igrejas poderiam abraçar.

Entre elas estão iniciativas contra a violência às mulheres, já que as evangélicas estão entre as religiosas que mais denunciam homens violentos, segundo dados aos quais o governo teve acesso.

Essa questão poderia ser trabalhada em parceria entre as instituições religiosas e o Ministério das Mulheres.

A segurança nas escolas também é considerada um tema pertinente às ações dos devotos. O “sonho de consumo” de integrantes do governo é costurar uma série de ações para lançar em um grande pacote de políticas públicas com o apoio de religiosos, especialmente dos evangélicos.

(Com CNN Brasil)


Você é assinante?

Então, faça seu login e tenha acesso completo:

Assine o Diário.
VEJA TAMBÉM

26/02/2024 - PF vai incluir fala de Bolsonaro em inquérito sobre tentativa de golpe

25/02/2024 - A arrecadação do governo federal cresce 6,67% e bate recorde em janeiro

23/02/2024 - Inadimplência: FGTS poderá ser penhorado pela Justiça para pagamento de dividas

23/02/2024 - Mega-Sena pode pagar R$ 110 milhões neste sábado

22/02/2024 - Caso Daniel Alves: jogador é condenado a 4 anos e meio de prisão

21/02/2024 - Senado aprova projeto de lei que acaba com saidinha para presos em feriados

21/02/2024 - Daniel Alves é convocado a se apresentar a tribunal e sentença pode sair nesta quinta-feira

20/02/2024 - Direção Segura: Detran-SP registra aumento de mais de 100% em abordagens

Voltar à lista de notícias

Diário de Penápolis. © Copyright 2024 - A.L. DE ALMEIDA EDITORA O JORNAL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução parcial ou total do material contido nesse site.