19/05/2024
DA REPORTAGEM
As enchentes no Rio Grande do Sul, que até esta sexta-feira (17), onde já haviam morrido 154 pessoas, é considerada a pior tragédia ambiental na história do Brasil. Muito tem sido noticiado sobre as pessoas que ficaram desabrigadas, os bairros que foram destruídos e até mesmo sobre os animais que morreram sob as águas.
Por outro lado, muitas manifestações de solidariedade estão acontecendo, sejam através das toneladas de doações de alimentos, principalmente de água mineral e produtos de higiene pessoal, e de limpeza que têm chegado ao Estado gaúcho, todos os dias. Outro fato importante a ser destacado é a atuação de voluntários que trabalham no resgate, atendimento médico e na organização de grandes estruturas para receber as pessoas que, em sua maioria, perderam tudo o que tinham.
Assim, diversos voluntários têm deixado suas cidades em diferentes regiões do Brasil, para se dedicaram aos rio-grandenses. Em Penápolis também é possível encontrar pessoas que se deslocaram para o Rio Grande do Sul, a fim de se apresentar voluntariamente para atender às necessidades daqueles que estão sofrendo com a devastadora enchente. Este é o caso da Bárbara Zaramello Costa, que esteve no estado gaúcho durante uma semana, ajudando nos atendimentos médicos, atuando, principalmente, na cidade de Estrela, distante 170 quilômetros de Porto Alegre.
Ela integra o grupo de quatro estudantes do curso de Medicina da Funepe (Fundação Educacional de Penápolis), que se voluntariaram no Rio Grande do Sul.
Bárbara é dentista e especialista em cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial, e atualmente, está cursando o 5º semestre do curso de Medicina na Funepe. Apesar de integrar o grupo penapolense, ela esteve representando o Ciopam (Centro Integrado de Operações Aéreas Multimissão) para qual já trabalha de forma voluntária e que tem enviado diversos profissionais, da área de saúde ou resgate, para ajudar no estado gaúcho. Ela se tornou voluntária junto ao Centro em 2019, quando ocorreu o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), atuando como dentista.
“No caso do Rio Grande do Sul, o Ciopam estava levando voluntários, decidi participar, já que precisa ser feito muito naquele estado. Por conta dos compromissos que eu tinha com o curso de Medicina, conversei com a direção da Funepe, que também se propôs à uma parceria para ajudar na tragédia. Falei com alguns alunos, que também se voluntariaram a nos ajudar neste momento”, explicou Bárbara.
O grupo saiu de Penápolis no dia 7 de maio para São Paulo, onde, no dia 9 embarcou para o Rio Grande do Sul em um avião fretado que levava, além dos voluntários, medicamentos, equipamentos e outros materiais necessários para atuação e doações.
O grupo desembarcou em Águas Claras Viamão (RS) e, de helicóptero, partiu para Santa Cruz do Sul (RS), onde permaneceram numa universidade da cidade que serve de centro de apoio e distribuição na região. “Ali acontecem diversas reuniões para se debater os trabalhos que serão realizados, e recebemos todas as orientações para que pudéssemos agir com segurança naquele momento. A situação na região se tornou instável naqueles dias, por isso o grupo que deveria partir para a cidade de Roca Sales, não conseguiu chegar ao local por conta das enchentes que destruíram pontes e inundaram estradas de acesso à cidade. Nem mesmo de helicóptero era possível chegar por conta do tempo fechado”, comentou.
Atendimento médico
O grupo então foi deslocado para a cidade de Estrela, onde iriam substituir outra equipe médica que já vinha realizando atendimentos há vários dias. “Tínhamos o auxílio de uma grande equipe de profissionais médicos com o qual estávamos em contato a todo momento, nos auxiliaram muito nos atendimentos”, disse Bárbara.
Vale destacar que não atuamos em situações de resgate, mas no atendimento médico a todos que necessitavam em unidades de saúde e abrigos montados para receber os desabrigados. Bárbara destacou que a situação no estado é bastante crítica e que somente quem vivencia a situação sabe, realmente, o que está acontecendo por lá. “É uma realidade de guerra mesmo, Existem muitos lugares que estão debaixo d’água, com lama. Onde a água baixou, é possível ver marcas do nível de onde ela chegou, além do rastro de destruição, com lixo em cima de árvores e casas. Além disso, o cheiro de esgoto em muitos lugares é forte, não existe abastecimento de água”.
Nas unidades básicas de saúde e nos abrigos, Bárbara realizava atendimento médico de homens, mulheres e crianças, disse que a situação destas pessoas é preocupante por que estão expostas às doenças contagiosas pelo contato com águas sujas das enchentes, e também doenças respiratórias, principalmente causadas por muita umidade. “Realizamos dezenas de atendimentos todos os dias, e existem diversos abrigos que estão dando suporte para milhares de pessoas, sendo que alguns abrigam 8 mil pessoas, e quase todos precisam de acompanhamento médico”, ressaltou.
Carinho
Além de todo o atendimento médico prestado, Bárbara ressaltou o acolhimento necessário com as pessoas desabrigadas. “Além do atendimento médico em si, todos nós tínhamos um papel fundamental de acolher aquelas pessoas que estão bastante abaladas com tudo o que está acontecendo. É uma palavra de carinho, um abraço amigo, e isso mexe muito com a gente e nos faz refletir ainda mais do quanto é necessário o apoio àquelas pessoas neste momento”, destacou. Entre as dezenas de situações vividas, Bárbara destaca histórias como a de uma mulher que passava por atendimento médico e entrou em “pânico” ao ver que a chuva havia começado novamente, ou a de um senhor que havia perdido a esposa e a filha em situações diferentes e que vivia apenas com um gato de estimação que durante a enchente, além de perder os bens materiais, perdeu também o gato que era sua única companhia, e se lamentava por estar “sozinho” no mundo.
“Outra situação que me chamou muito a atenção foi a de uma criança que veio até mim, me abraçou, pegou em minhas mãos e não me soltava por que precisava muito de um carinho. Conversando com ela, a criança me disse que tinha uma irmã e uma avó, mas que não sabia onde estavam, em que situação estavam. Aquilo mexeu muito comigo, eu me questionava a todo momento sobre a situação dos familiares daquela criança, se estavam bem naquele momento”, contou Bárbara.
“Toda parte psicológica tem sido muito difícil para aquelas pessoas. O clima é muito triste. As pessoas estão desesperadas por conta de tudo o que vem acontecendo. Tivemos até mesmo relatos de suicídios que foram cometidos, tamanha gravidade”, ressaltou.
Retorno e mais ajuda
Bárbara e o grupo de voluntários que saiu de Penápolis, retornaram do Rio Grande do Sul na última terça-feira (14), porém ela pretende voltar ao estado gaúcho aproveitando as férias da faculdade. Apesar da distância, ela continua arrecadando recursos para serem enviados ao Rio Grande do Sul. “Algumas famílias estão retornando para suas casas conforme a água baixa, porém, o que encontram é um cenário de perda de muitos móveis, roupas, colchões, alimentos e até medicamentos”.
Ela tem recebido ajuda de diversas pessoas, e auxilia na destinação de doações de recursos financeiros. Colocou sua página no Instagram (@barbara.zaramello) à disposição, onde conta sobre a atuação voluntária no Rio Grande do Sul e também o telefone e WhatsApp (11) 93007-0237.
(Rafael Machi)
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